terça-feira, 28 de setembro de 2010

Epopeia

     Poema narrativo ou ciclo de poemas cujo tema é um grande feito, ou feitos de interesse para um povo ou para a humanidade — frequentemente a fundação de uma nação ou a construção da unidade nacional — apresentando muitas vezes linhas temáticas históricas, religiosas e cosmológicas.

     As duas principais epopeias na tradição ocidental são a Ilíada e a Odisseia, atribuídas a Homero. A crítica, que considerou a epopeia homérica a mais elevada forma de poesia, considera outras obras como a Eneida, de Virgílio, a Jerusalém Libertada, de Tasso, e Paradise Lost, de Milton, elaboradas a partir da epopeia homérica. A tradição da epopeia clássica reviveu, na Europa, a partir do Renascimento, com a recuperação dos modelos poéticos e culturais da antiguidade clássica. Na literatura portuguesa, Os Lusíadas, de Camões, são o grande poema épico nacional e o mais representativo do Renascimento.

     O termo também se aplica aos poemas narrativos de outras tradições: o anglo-saxónico Beowulf e o finlandês Kalevala; na Índia, o Ramayana e o Mahabharata; e o Gilgamesh babilónico. Todos estes exemplos se desenvolveram em diferentes culturas, ajustando-se a necessidades sociais e utilizando técnicas literárias semelhantes.

Começando

Aos alunos do 12º A

     As boas vindas a todos a esta barca das palavras. Sim, que a barca tem leme, proa, popa e tudo. Não iremos à deriva, mas também não ficaremos ancorados em qualquer porto: seguiremos viagem por onde os nossos sonhos quiserem.
Tratando-se de um ano final e de transição (com exames) faremos a abordagem ao programa em duas perspectivas: cimentar o lastro estético-cultural e, claro, preparar cada um de vós para que o desafio com a esfinge seja vencido.
Oxalá aprecieis.

O caminho:


     Iniciaremos com Os Lusíadas. Descobriremos o encanto da linguagem e o seu contributo para a construção do universalismo renascentista, de mitos, de heróis e desabafos de um sujeito da enunciação (voz do poeta: um dos que ainda se vai da "lei da morte libertando") muito forte, implicado e sempre presente.
Reconheceremos as marcas típicas da epopeia renascentista e o diálogo que estabelece com a cultura clássica, nas vertentes imitação, emulação e superação.

     A Mensagem, esta obra mosaico, oferecer-nos-á uma dimensão simbólica e mítica da portugalidade, cujos traços específicos não foram compreendidos na época de publicação. A leitura e recepção do texto fizeram dele verdadeira obra de arte literária projectada no futuro. É em suma a síntese da alma lusa, de um povo que num pensamento feliz do Prof. Eduardo Lourenço caracteriza como uma "maravilhosa imperfeição".

     Visitaremos Fernando Pessoa, (ou ele vai visitar-nos?) e verificaremos que frases "eu sou muitos, ou vivem em nós inúmeros" derivaram numa poética ímpar: tradição e inovação, unidade e diversidade estão bem patentes na sua obra.

     O mundo do teatro e a sua capacidade de nos contagiar e de nos reciclar, especialmente o texto representado, também nos ocupará algumas horas. Mergulharemos nessa ironia trágica de Felizmente há Luar, ainda o podemos olhar abundantemente porque ainda é de borla...! Reflectiremos sobre o proceso histórico, o devir, os tempos, pretextos e contextos. No fim o que interessa é o "bichinho da terra tão pequeno": o homem. Também aqui uma outra dimensão épica: transformar o homem, a sociedade, o mundo.
     Quantas vezes nas nossas vidas sentimos que há apenas sol, mar, estrelas, luar. Há dias e dias....

     Por fim, já na primavera, quando a vida rebenta por todos os lados, deitaremos mãos, olhos e coração à obra Memorial do Convento. "Deve ser uma história de frades e freiras", dizia numa certa aula um jovem aluno. É claro que o aluno fora traído pelo título. Aqui o que se trata é de esclarecer, ajudar a compreender a dimensão épica do homem. O Convento é a obra material que serve de pretexto a outra obra maior: o percurso do Homem, mesmo dos mais simples; os seus anseios, angústias, tensões ...desejos, nem que seja o de voar e, como Blimunda, veremos tudo  isto por dentro....

     Muitos outros texto serão convocados, aludidos, lidos. Este será o nosso caminho. É um caminho sinuoso, ingreme, nada fácil, mas atraente, porque a vossa curiosidade é grande e isso basta.

O principal instrumento de trabalho será o Manual: PLURAL 12.

Votos sinceros de sucesso.

Setembro de 2010

Jorge Marrão