quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Questionário

Questionário do Poema:  Não sei ser triste a valer

1 – Nos três primeiros versos, o sujeito poético afirma a sua incapacidade de ser triste ou alegre e nos dois últimos faz uma interrogação de carácter global, filosófica, sobre o ser e a consciência ou não consciência dos outros e a mentira, uma espécie de ilusão, a elas associada.
2 – O homem sente e pensa, mas nele, a razão e a emoção são uma miragem, uma espécie de mentira, pois não se conseguem conjugar, enquanto que a flor não sente nem pensa e, no entanto, desabrocha sem necessitar de razão nem emoção. Para a flor, florescer é um acto involuntário, tal como é para o homem o acto de pensar.
2.1 – O “eu” não consegue “ser triste a valer/nem ser alegre deveras”, porque não consegue deixar de pensar e apenas sentir.
3 – Embora haja diferenças entre a flor e o homem enunciadas ao longo do poema, na quarta estrofe estabelece-se a semelhança: o destino de ambos é idêntico, é a morte. Nenhum deles escapa ao “Fado”, “Faz passar”, a ambos “as patas dos deuses (…) vêm calcar”.
3.1 – Verificando que a morte é certa, o sujeito poético conclui com um apelo irónico ao gozo da vida, uma espécie de “carpe diem” traduzido pelos versos: “Stá bem, enquanto não vêm/Vamos florir e pensar”, quer dizer, enquanto a morte não vem, aproveitemos o tempo, seja florindo naturalmente e inconscientemente como a flor, seja reflectindo, porque é próprio do homem.
4 – Na realidade , ao longo do poema, o tema bem pessoano da incapacidade de viver a vida surge articulado com o sentir/pensar e o carpe diem. Nos três versos iniciais em que o “eu” assume não saber ser  “não sei ser” que, surgindo depois das afirmações anteriores, equivale a confessar que não sabe viver.
5 – A utilização da redondilha maior, versos de sete sílabas, das rima e das aliterações são os processos que mais contribuem para a musicalidade do poema.

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