quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ficha de Trabalho

Leia, atentamente, o seguinte texto.



Os portugueses lêem menos jornais e periódicos do que qualquer país da União Europeia.
Cinco a dez vezes menos, conforme os países. E tenhamos consciência de que as chamadas taxas de leitura desses países já eram o que são hoje há várias décadas. Tal como as portuguesas. Quer isto dizer que se pode quase admitir que existe um patamar de leitura de imprensa (eventualmente também de livros, eis uma questão para a qual não temos resposta) que o crescimento económico não parece conseguir elevar. Em muitos sectores, os portugueses recuperam atrasos ou, melhor dizendo, encurtam a distância que os separa de outros povos. Mas tal não é o caso quando olhamos para a leitura e a circulação de periódicos e de livros. [...]
A leitura de livros e de jornais é um hábito, uma necessidade cultural e uma exigência profissional, relativamente independente dos níveis de desenvolvimento económico.
Por outras palavras, a leitura de livros e de jornais, durante os séculos XIX e XX, não aumenta necessariamente com o Produto Nacional Bruto. Nem nas mesmas proporções que a alfabetização e a escolarização. [...] Quer isto dizer que há factores explicativos, designadamente históricos, que podem influenciar de modo determinante os níveis de leitura.
No caso português, para retomar a minha hipótese de trabalho, quando foram atingidos níveis razoáveis de escolaridade e quando as taxas de analfabetismo começaram a descer abaixo dos 40 a 50 por cento, já existiam a rádio e sobretudo a televisão. Para a maioria dos portugueses, a palavra escrita nunca foi a principal fonte de informação cultural, profissional, quotidiana, familiar ou política. A televisão instalou-se em Portugal e cobriu o território antes de a escola o ter conseguido. [...] Até porque esta não compreendia[1] os adultos ou os idosos e apenas acolhia as crianças e os adolescentes, nem sequer todos, durante um muito curto período de tempo. Desde então, consolidou-se o lugar da televisão como fonte primordial de informação (e de entretenimento e de consumo cultural), sem que nunca antes a leitura de livros e de periódicos se tivesse generalizado ao País, às regiões e às classes sociais.

António Barreto, “O livro é eterno”, in Tempo de Incerteza, Lisboa, Relógio d’Água, 2002





1. Para cada um dos quatro itens que se seguem (1.1., 1.2., 1.3. e 1.4.), escreva, na sua folha de respostas, a letra correspondente à alternativa correcta, de acordo com o sentido do texto.


1.1. Segundo o autor, há várias décadas que a taxa de leitura de imprensa em Portugal é inferior à dos outros países da União Europeia (UE). Tal facto corresponde à situação seguinte:


a) o número de leitores tem subido em todos os países da UE, excepto em Portugal.
b) o crescimento económico dos outros países da UE tem favorecido a expansão da leitura.
c) as taxas de leitura em Portugal e nos outros países da UE têm-se mantido inalteráveis.
d) a incapacidade portuguesa de recuperar atrasos tem marcado toda a vida nacional.

1.1 - C

 
1.2. Segundo o autor, os fracos índices de leitura de livros e de jornais, no Portugal de hoje, são fundamentalmente determinados pelo facto de

a) o Produto Nacional Bruto ter vindo a aumentar de forma muito pouco significativa.
b) as taxas de analfabetismo terem permanecido demasiado elevadas entre os portugueses.
c) os níveis de escolaridade atingidos pela população portuguesa serem insuficientes.
d) o hábito de ver televisão se ter enraizado antes de se ter generalizado o hábito de ler.

1.2 - d


1.3. O antecedente do pronome relativo “que” (linha 6) é


a) “taxas de leitura” (linha 3).
b) “leitura de imprensa” (linhas 4-5).
c) “um patamar de leitura de imprensa” (linhas 4-5).
d) “uma questão” (linha 5).

1.3 - c 


1.4. O recurso às expressões “A leitura de livros e de jornais” (linha 10), “a leitura de livros e de jornais” (linha 12) e “a leitura de livros e de periódicos” (linha 25)


a) contribui para reforçar o carácter descritivo do texto.
b) serve para introduzir enumerações ilustrativas.
c) mobiliza significados diferentes das expressões.
d) constitui um mecanismo de coesão lexical do texto.

1.4 - d

2. Neste item, faça corresponder a cada um dos quatro elementos de A um elemento de B,de modo a obter afirmações verdadeiras. Escreva, na sua folha de respostas, ao lado do número da frase, a alínea correspondente.


A

1) Com o uso da conjunção coordenativa adversativa “Mas” (linha 8)
2) Com a expressão “Por outras palavras” (linha 12)
3) Com o recurso à forma do verbo auxiliar modal “podem” (linha 15)
4) Com a apresentação de informaçãoentre parêntesis (linhas 25-26)


B


a) o enunciador exprime um contraste relativamente à ideia antes apresentada.

b) o enunciador introduz aspectos acessóriosrelativamente ao tópico que se encontra a tratar.

c) o enunciador recorre à autoridade de alguém para reforçar as suas ideias.

d) o enunciador apresenta o conteúdo da frase como uma possibilidade.
e) o enunciador introduz uma explicitação das afirmações anteriormente feitas.

f) o enunciador narra um acontecimento ilustrativo da ideia exposta.
g) o enunciador define a estrutura global do texto.


1 - a
2 - e
3 - d
4 - b

GRUPO III


Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, apresente uma reflexão sobre a tese relativa às preferências culturais dos jovens, exposta no texto a seguir transcrito. Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.


“Cultura clássica é o conjunto dos géneros estabelecidos: o livro, o cinema, o teatro,as posições. Assiste-se progressivamente à substituição destes domínios instalados pelas tradições e pelas escolas por uma outra forma de cultura, particularmente apreciada pelos jovens e, claro, por eles veiculada, e que é constituída pelo vídeo, pelas magias informáticas, pelos novos modos de comunicar ou de ouvir música ou por essas mesmas músicas, o rap ou a tecno.”


Bernard Pivot, cit. in José Afonso Furtado, Os Livros as Leituras – Novas Ecologias da Informação,
Lisboa, Livros e Leituras, 2000




Observações:



1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.:/dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2006/).


2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras –, há que atender ao seguinte:
– a um texto com uma extensão inferior a oitenta palavras é atribuída a cotação de 0 (zero) pontos;
– nos outros casos, um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.






FIM

Sem comentários:

Enviar um comentário