sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Proposição - ou o (en)canto da celebração

     A Proposição é umas das partes da estrutura interna de Os Lusíadas e apresenta duas partes lógicas.

     Na primeira parte, composta pelas duas primeiras estrofes, o poeta enuncia o propósito da obra. O tom grandioso é dado pelo uso do verbo CANTAR, como se de um aedo grego se tratasse.

     Através do seu canto apresenta a galeria de heróis e os feitos que lhes deram esse estatuto: os barões assinalados, os navegadores que investiram pelos mares desconhecidos, dilataram as fronteiras da pátria até ao oriente, vencendo os obstáculos pela força e coragem maiores do que imaginadas para qualquer mortal: "mais do que prometia a força humana". Também o quadro de reis portugueses que se empenharam na dilatação da Fé e do Império. Ainda todos os outros homens que praticaram feitos dignos de memória (feitos valerosos) e que por isso se "vão da lei da morte libertando", isto é, fogem ao esquecimento, imortalizam-se através do canto.

     Na segunda parte, o poeta contrapõe os heróis da antiguidade, sempre singulares, com o herói da epopeia renascentista, um colectivo, o povo português, sintetizado na expressão feliz "peito ilustre lusitano".

"A mitificação do herói d'Os Lusíadas está patente no confronto com os heróis míticos da antiguidade, ofuscados pela grandeza dos senhores do Mar e da Guerra "a quem Neptuno e Marte obedeceram". (apud, Elisa C. Pinto, Vera Baptista, Paula Fonseca)
     Note-se ainda a presença de um EU profundamente empenhado, voz que cantará, exortará, lamentará..., que se fará ouvir ao longo de todo o poema, principalmente no fim dos cantos.

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